Vale a pena investir em ativos dos bancos digitais? Foto: Freepik |
Paralelamente ao crescimento do setor, empresas atraíram o interesse de investidores.
Os bancos digitais caíram no gosto da população brasileira. A menor burocracia em comparação com as instituições financeiras tradicionais e a ausência de cobrança de tarifas estão entre os principais atrativos. O Brasil tem hoje uma média de 4,5 contas digitais para cada pessoa economicamente ativa, segundo dados da plataforma Idwall. A expectativa é que o número aumente nos próximos anos.
De acordo com o levantamento, o saldo de contas digitais abertas no ano de 2022 deve chegar a 184 milhões, o que corresponde ao incremento de 15% em comparação com 2021, quando foram criadas 160 milhões. A adesão confirma a consolidação do setor de bancos digitais e fintechs no país.
No entanto, não são apenas os serviços bancários que têm atraído o interesse dos brasileiros pelos bancos digitais. Paralelamente ao crescimento do setor, eles também têm despertado a atenção de investidores. Os ativos dessas empresas têm sido cada vez mais buscados dentro da modalidade de renda variável.
Bancos digitais como opção de investimento
O Banco Inter foi o primeiro banco digital listado na Bolsa de Valores (B3). A estreia aconteceu em abril de 2018, com as ações de código BIDI4 e BIDI11. O ingresso abriu caminho para outras empresas do setor também planejarem a abertura de capital.
Dois anos depois do Inter, em abril de 2021, foi a vez do banco digital Modalmais estrear na B3, com a oferta da ação MODL11. Com o slogan “o banco dos investidores”, a empresa também tem atraído o interesse dos brasileiros como uma opção para aplicações.
Agora os olhos estão voltados para a possibilidade da Oferta Pública Inicial (IPO) do banco digital Next. A expectativa é que a estreia na B3 ocorra em 2023.
A aquisição de uma ação assegura ao investidor o status de acionista, o que significa que ele passa a ter participação no lucro das empresas. Por isso, a orientação da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) é avaliar a gestão da empresa e o momento vivido pelo setor de atuação antes de tornar-se acionista.
No caso dos bancos digitais, a atividade vive um período de expansão no país, motivada pelo processo de digitalização dos serviços bancários e confirmada pela crescente adesão dos brasileiros às plataformas. O momento mostra-se favorável, mas não exime o investidor de pesquisar sobre o desempenho individual das empresas. Para isso, a Anbima recomenda analisar os balanços e projeções disponíveis para a consulta no site da B3.
“Pedacinho do Nubank”: do alvoroço à dúvida
Em novembro de 2021, o Nubank causou um alvoroço no mercado financeiro ao anunciar a abertura de capital. A estreia ocorreu no mês seguinte, com a oferta de ações na Bolsa de Valores de Nova Iorque (NYSE) e a negociação de Brazilian Depositary Receipts (BDRs) na B3.
Os BDRs são uma opção de investimento para quem deseja investir em empresas listadas no exterior. O certificado é emitido e negociado no Brasil, mas representa uma companhia listada em bolsa de valores estrangeira.
Para facilitar a compreensão sobre o ativo, o banco decidiu chamá-lo de “pedacinho do Nubank”, que foi distribuído aos clientes sem nenhum custo, e oferecer conteúdos educativos sobre o mercado financeiro para os novos investidores.
Em setembro deste ano, o banco digital surpreendeu os seus mais de sete milhões de investidores ao informar que não seria mais uma companhia aberta no Brasil. Foi assim que surgiu a dúvida sobre o que aconteceria com o “pedacinho do Nubank”.
De acordo com as informações divulgadas pela assessoria do banco, haverá a migração do programa de BDR do nível 3 para o nível 1, que não exige o registro de capital aberto pela companhia. Aos investidores caberá a decisão de permanecerem com os ativos ou se desfazerem dos mesmos. A escolha deve ser informada por meio do aplicativo do banco até dezembro.
Texto: Luiz Affonso Mehl
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