Imagem: Google Maps |
As Ilhas Malvinas
(Falklands, para os ingleses) se preparam para um referendo que começa amanhã
(10/03). Durante dois dias, pouco mais 1,6 mil eleitores vão dizer se querem
que o pequeno arquipélago no Atlântico Sul mantenha o status de
território ultramar britânico. A votação aumentou a tensão entre os
governos britânico e argentino, que reivindicam a soberania do arquipélago.
O Reino Unido diz que cabe aos
moradores decidirem seu futuro, mas a Argentina afirma que o referendo não
passa de um golpe publicitário. “As Malvinas são um território colonizado pelos
britânicos, que instalaram nas ilhas uma população britânica”, explicou o
presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado argentino, Daniel
Filmus. “Agora os britânicos vão perguntar aos britânicos se querem ser
cidadãos britânicos. Todo mundo já sabe o que vão responder. É uma provocação.”
Os argentinos acusam os britânicos
de terem tomado deles as ilhas em 1833 e de descumprirem as resoluções das
Nações Unidas para negociar a soberania do arquipélago, que fica a menos de 500
quilômetros de distância da costa argentina e a 12 mil quilômetros de Londres.
O ex-ditador argentino Leopoldo Galtieri tentou resolver o impasse pela força,
enviando tropas ao arquipélago em 1982.
O resultado foi uma guerra com
o Reino Unido que terminou em derrota para os militares argentinos: o fracasso
militar contribuiu para a queda da ditadura em 1983. Mas mesmo na democracia, a
Argentina continua reivindicando a soberania das Malvinas. E, apesar das
resoluções das Nações Unidas, o Reino Unido diz que não vai negociar.
A tensão entre os dois países
aumentou no ano passado. O trigésimo aniversário da guerra coincidiu com a
descoberta de petróleo nas águas que rodeiam as ilhas. Desde o fim do conflito
armado, o arquipélago enriqueceu: a presença militar britânica permitiu aos
habitantes desenvolverem a pesca, porque contavam com navios de guerra para
protegê-los de embarcações piratas. Investimentos em infraestrutura deram lugar
ao turismo.
Hoje os 2,5 mil residentes das
ilhas têm uma renda per capital anual de US$ 32 mil – três vezes maior que a
argentina. “Vai ser um referendo sem surpresas. Não consigo pensar em uma única
pessoa que prefira ser argentino que britânico”, disse à Agência Brasil,
Arlette Betts, proprietária de uma pensão nas Malvinas. Ainda assim, as ilhas
nunca estiveram tão cheias como nos últimos tempos. “Não temos mais quartos
para alugar, tamanha a quantidade de jornalistas e observadores que estão vindo
para ca para acompanhar o referendo”, acrescentou Arlette.
Os resultados da votação serão
divulgados na madrugada de terça-feira (12/03), de acordo com o horário oficial
de Brasília. Mas o referendo é apenas mais um capítulo de um debate que dura
dois séculos. Nas Nações Unidas, as Malvinas (ou Falkland) ainda são um
território em disputa.
Fonte: Agência Brasil
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