Esta imagem feita pelo Curiosity mostra um afloramento de rochas, indícios da existência de leito de rio em Marte. |
O jipe-robô Curiosity desde
que chegou à Marte vem encontrando diversos indícios de que o solo do planeta vermelho
já foi abundante em água liquida. Nesta quinta-feira (27/09), as autoridades da
missão divulgaram fotos feitas pelo robô que mostram cascalhos semelhantes aos
encontrados nos rios da Terra, o tamanho e a forma das rochas dão pistas sobre
a velocidade e a profundidade do fluxo d’água que ali existia.
Hoje Marte é um deserto seco e
gelado, mas os cientistas acreditam que num passado remoto o planeta já foi
quente, úmido e rico em água, com rios, lagos e vastos oceanos. "A partir
do tamanho dos cascalhos, podemos interpretar que a água estava se movendo a
cerca de 3 metros por segundo, com uma profundidade entre o tornozelo e o quadril
de uma pessoa adulta (mais ou menos um metro de profundidade)". "Muitos
artigos têm sido escritos sobre os canais de Marte com muitas hipóteses
diferentes sobre os fluxos em si. Esta é a primeira vez que estamos realmente
vendo evidências de cascalho transportado por fluxos de água no planeta
vermelho. Esta é uma transição da
especulação sobre a existência do material de leito aquático à observação
direta dele”, acrescentou o cientista William Dietrich, da Universidade da
Califórnia, em Berkeley que trabalha na missão.
As imagens feitas pelo
Curiosity mostram que o cascalho tem uma forma arredondada, indícios de que
foram transportados por longas distâncias pela força da água, pelo tamanho não
poderiam ser arrastados pelo vento. Corrobora com esta hipótese as observações
feitas pelo Curiosity, que revelam a existência de grande quantidade de
cascalho que eram transportados da parte superior da bacia, onde um canal
chamado “Peace Vallis” se encontrava à corrente aluvial.
A cientista Rebecca Williams,
membro da equipe científica da missão Curiosity, foi enfática ao afirmar que
pela grande quantidade de canais na bacia aluvial pode-se inferir que os cursos
de água em Marte eram contínuos ou repetitivos durante grande período de tempo,
e não ocasionais ou com duração de poucos anos.
Comparação de tipo de rocha encontrado em leito de rio em
Marte (esquerda) e na Terra (direita). Foto: Curiosity/NASA
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O Curiosity carrega um
laboratório com dez instrumentos altamente sofisticados que poderão ser
utilizados pela equipe cientifica para analisar o material encontrado no
caminho entre o local de pouso na cratera Gale e o local chamado de Glenelg,
para onde o jipe-robô está se dirigindo. Seu destino final é a encosta do Monte
Sharp, onde, de acordo com observações feitas por satélites em órbita deram
indícios que o solo é rico em argila e sulfato de minerais, que juntamente com
o carbono são os elementos químicos essenciais para a existência da vida como a
conhecemos.
O cientista John Grotzinger,
do Instituto de Tecnologia da Califórnia em Pasadena, disse que apesar das
imagens feitas pelo Curiosity lembrarem um bloco inclinado de uma calçada, são
na verdade um leito seco de um rio antigo. “Mesmo com a descoberta desses
canais que sugerem que já existiu um grande fluxo d’água em Marte, por causa da
correnteza da água que ali existia, não é um bom local para procurar pistas de
produtos orgânicos, por isso, o Curiosity seguirá sua missão de dois anos e
rumará para o Monte Sharp, onde acredita-se que já foi um ambiente
potencialmente habitável e que ainda hoje é possível encontrar indícios de vida
microbiana”, concluiu.
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