Bandeira do Sudão do Sul |
A República do Sudão do Sul (Republic of South Sudan) se tornou oficialmente às 18h01 de hoje, dia 09 de julho, mais novo país do mundo, ao oficializar sua independência do restante do Sudão. Nas ruas da capital do país, Juba, centenas de pessoas comemoraram a mudança logo após o horário oficial da separação do Norte. Segundo o enviado da BBC a Juba(capital do novo país), Will Ross, às vésperas do nascimento do país as rádios tocaram sem parar o hino nacional sul-sudanês, composto por estudantes locais.
O país nasce a partir de um acordo de paz firmado em 2005, após 12 anos de uma guerra civil que deixou 1,5 milhão de mortos. Em janeiro, 99% dos eleitores do Sudão do Sul votaram a favor da separação da região, predominantemente cristã e animista, em relação ao norte, governado a partir de Cartum, onde a população é em sua maioria muçulmana e de origem árabe.
Hoje (09/07), o governo do presidente sudanês, Omar Bashir, reconheceu formalmente a independência da parte Sul de seu país. Ele estará em Juba, amanhã (9) para a festa, assim como o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, que será recepcionado pelo presidente interino do Sudão do Sul, Salva Kiir Mayardit.
Apesar de ter grandes reservas de petróleo, o Sudão do Sul nasce como um dos países mais pobres do mundo, com a maior taxa de mortalidade materna, a maioria das crianças fora da escola e um índice de analfabetismo que chega em 84% entre as mulheres.
Mapa do Sudão do Sul na África |
Embora não haja estatísticas oficiais, a ONU estima que a população do país varie entre 7,5 milhões e 9,5 milhões. O Sudão do Sul também nasce sendo um dos maiores do Continente Africano, superando as áreas de Quênia, Uganda e Ruanda somadas.
Após comemorar a independência, o Sudão do Sul terá de resolver a questão da fronteira com o Norte. A independência está sendo celebrada sem que as fronteiras entre o Sul e o Norte já estejam completamente definidas. Um foco de tensão é o debate sobre quem ficará a região de Abyei, rica em petróleo.
Em maio, forças do Sudão do Norte entraram em Abyei. Os conflitos forçaram 170 mil pessoas a deixarem suas casas, para fugir da violência. O acordo de 2005 previa um referendo para os moradores da área decidirem se ficariam com o Norte ou o Sul, mas por causa da tensão a votação ainda não ocorreu.
Antecipando-se a uma eventual retomada da guerra civil, o Conselho de Segurança da ONU aprovou, também em maio, o envio de uma missão de paz com 7 mil militares para a área, a maioria da Etiópia. A separação também acendeu os ânimos na região de Kordofan do Sul, que está sob controle do governo de Cartum.
Povoada por minorias étnicas sem ligação com a população árabe do Norte, a região quer se juntar ao novo país. Confrontos na região já provocaram o deslocamento de 60 mil moradores.
Brasil estabelece relações diplomáticas com o Sudão do Sul
O governo brasileiro anunciou hoje (09/07) o estabelecimento de relações diplomáticas com o Sudão do Sul, país que teve a independência reconhecida pela Organização das Nações Unidas (ONU). O Itamaraty informou que Brasil e Sudão do Sul desejam promover relações de amizade e cooperação nos âmbitos político, econômico, cultural e humanitário, entre outros.
Reconhecimento internacional
A República do Sudão do Sul, o mais novo país do mundo, já foi reconhecida pelas principais potências mundiais. Estados Unidos, França, Reino Unido e China, quatro dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas, já reconheceram o novo Estado. Também a União Europeia, no seu conjunto, e a Alemanha, em particular, o fizeram.
O Sudão do Sul içou hoje a sua bandeira pela primeira vez, acontecimento presenciado por milhares de sudaneses do sul e dezenas de personalidades mundiais, entre os quais o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.
O presidente dos Estados Unidos, Barak Obama, disse, em Washington, que este dia revela que "após a escuridão da guerra, a luz de um novo amanhecer é possível".
A independência "não é um presente", realçou, por seu lado, Susan Rice, embaixadora dos EUA na ONU e representante de Obama na cerimônia de independência, apelando aos cidadãos do Sudão do Sul que construam um "país digno do sacrifício de todas as vidas perdidas" em cinco décadas de conflito.
Também o presidente francês, Nicolas Sarkozy, apelou aos dois países que agora transportam o nome de Sudão para encararem "esta nova etapa das suas relações no espírito do diálogo e da cooperação".
Entre os presentes à solenidade, aquele que mais burburinho causou foi o presidente do Sudão, Omar Al Bashir, sobre quem pende um mandado de captura internacional por genocídio e crimes contra a humanidade cometidos na região sudanesa de Darfur. Na cerimônia, Al Bashir disse que apostará em "preservar os interesses comuns" do Norte e do Sul do Sudão.
O Sul do Sudão é o 193º país reconhecido pelas Nações Unidas. Uma nação independente e soberana, de carácter multiétnico e multirreligioso, que quer relações amigáveis com todos os países, incluindo o Sudão. “Nós, representantes democraticamente eleitos pelo povo, baseados na vontade do povo do Sudão do Sul, como confirmam os resultados do referendo à autodeterminação, proclamamos o Sudão do Sul uma nação independente e soberana”, afirmou o presidente do Parlamento do mais recente país, James Wannilgga.
A declaração, proferida perante delegações de 80 países, 30 chefes de Estado, do secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, e de milhares de sudaneses do sul, deu destaque às relações amigáveis que o novo país pretende estabelecer com todos os países, em especial com a República do Sudão, depois de décadas de confrontos entre cristãos do Sul e muçulmanos do Norte, que resultaram em milhões de mortos.
Salva Kiir tornou-se no primeiro presidente do Sudão do Sul, após o juramento de respeito à Constituição provisória. A cerimônia, rodeada de forte dispositivo de segurança, decorreu no mausoléu do ex-dirigente rebelde sudanês John Garang, que morreu em 2005 em um acidente de helicóptero, após a assinatura de um acordo de paz entre Norte e Sul, e começou com discursos de um representante católico e de um representante muçulmano.
Com informações da Agência Brasil
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