Praça Otto Mohn Cristalina - Goiás. Foto: Redecol Brasil |
A vocação natural dos chapadões de Goiás para o agronegócio tem estimulado uma nova onda de investimentos da indústria de alimentos na região Centro-Oeste. Água abundante, alta tecnologia nas lavouras, diversidade de matérias-primas, incentivo fiscal e proximidade de grandes centros consumidores desataram uma intensa corrida por grãos, cereais, hortas e pomares no Brasil Central.
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Dona da maior área irrigada por pivôs centrais na América Latina, Cristalina conta os dias para o início das operações de três grandes fábricas de conservas e atomatados. “Vamos sair do amadorismo para um modelo altamente profissional”, diz a líder empresarial Joana D’Arc Assad, dona do principal magazine local. O ânimo renovado se explica pela atração de R$ 500 milhões em investimentos e a geração de 3 mil empregos diretos. “É a reversão de um processo de esvaziamento histórico”, afirma o prefeito Luiz Carlos Attiê (DEM).
Atrás de cada nova indústria, Cristalina espera receber outras seis empresas – de embalagens a transportes, de manutenção a serviços. Os fatores decisivos são semelhantes aos motivos que levaram grandes frigoríficos, como Perdigão e Sadia, a migrar para o Centro-Oeste no fim dos anos 1990. Custos baixos, mão de obra barata, logística privilegiada e produção de até quatro safras por ano alimentam a nova onda de prosperidade industrial.
Encravada em meio a 20 mil hectares de lavouras, a multinacional francesa Bonduelle reflete a tendência na região. Em agosto, abrirá as portas de uma planta de R$ 115 milhões, que processará 120 mil toneladas anuais de milho, ervilha, brócolis, couve-flor, cenoura e beterraba. Líder mundial na industrialização de vegetais, a empresa já planeja os primeiros embarques à Argentina. “Seremos uma plataforma para os mercados da América Latina e Estados Unidos”, diz o diretor da empresa, João Alves Neto, que administrará 500 empregados no auge da produção.
Antes mesmo da nova onda industrial, Cristalina já exibia o 16º PIB entre os 246 municípios de Goiás. Com altitude média de 1.200 metros, a cidade tem hoje 570 pivôs, responsáveis por irrigar 48 mil hectares com a água de 256 riachos e ribeirões. “Mas podemos triplicar essa área em pouco tempo”, calcula o dirigente rural Alécio Marostica.
Cliente antiga das indústrias da região, a paulista Fugini Alimentos já reservou lugar na ascensão local. A nova fábrica de R$ 90 milhões da empresa será inaugurada no aniversário de Cristalina, em 18 de julho. À beira da BR-040, uma linha produzirá 110 mil toneladas de tomate por ano, além de conservas de milho, ervilha, batata e cenoura. Em Monte Alto (SP), a Fugini processa hoje apenas 30 mil toneladas. No auge, em 2012, terá 500 empregados em três turnos e demandará 85 caminhões para transportar tomate e milho diariamente. “Vamos gerar muito emprego aqui”, diz o gerente de operações Geraldo Silva, ao listar vagas para manutenção de máquinas e serviços terceirizados.
Luiz Augusto Weschenfelder da Incotril: “Vamos fazer até 4 safras por ano, sem gente parada nem maquinário ocioso” |
“Aqui, vamos fazer até quatro safras por ano, sem gente parada nem maquinário ocioso”, diz o empresário Luiz Augusto Weschenfelder. Formado em direito, mas forjado na lida industrial da Incotril, o jovem de 25 anos mudou-se com mulher e filha para erguer a fábrica, capaz de processar 250 toneladas diárias de tomate.
Amanhã você verá como está a situação da cidade de Luziânia, distante 69 Km de Cristalina e que também está recebendo grandes investimentos industriais.
Produzido por: Mauro Zanatta – Jornal Valor Econômico
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