Congestionamentos no Trânsito de Brasília


A ida ao trabalho faz com que milhares de brasilienses das diferentes regiões administrativas do Distrito Federal (ex-cidades satélites) e de moradores do entorno (no estado de Goiás) se desloquem diariamente para Brasília e consigam o inimaginável há alguns anos: congestionar o tráfego da cidade. O trânsito tornou-se um problema em avenidas que chegam a ter mais de seis faixas de rolamento no mesmo sentido. Brasília virou uma “cidade-sanfona”, afirma Maurício Pinheiro, chefe da divisão técnica da superintendência local do Instituto de Patrimônio Histórico Artístico Nacional (Iphan). Ele usa essa imagem para descrever o impacto diário que Brasília sofre por absorver grande parte da atividade econômica do Distrito Federal. Segundo ele, a cidade ocupa 9% do território do Distrito Federal, onde moram menos de 15% da população local (de 2,5 milhões de habitantes), mas concentra maior parte dos postos de trabalho. O Eixo Monumental, a Via Estrutural, a Estrada Parque Taguatinga-Guará (EPTG), a Estrada Parque Indústria e Abastecimento (EPIA) são os principais caminhos nas ligações de Brasília e absorvem grande parte do movimento de mais de um milhão de veículos registrados no Distrito Fedral.
Para a arquiteta e professora da Universidade de Brasília (UnB), Sylvia Ficher, os problemas rodoviários de Brasília são decorrentes do crescimento, da metropolização e da “imprevidência” do planejamento posterior à instalação da capital. Em sua opinião, “não há permeabilidade urbana” e é preciso estabelecer novas ligações e melhorar o transporte coletivo.
Ela, no entanto, assinala que os problemas de tráfego em Brasília estão em seu DNA: “a visão de futuro que se tinha na década de 1950 era do urbanismo rodoviarista”.
“Brasília foi pensada à época da entrada da indústria automobilística. As pessoas só iriam ao centro para trabalhar, tudo seria feito nas superquadras. Esse modelo de funcionamento comunitário não conseguiu se efetivar. Talvez tivesse dado certo, se a cidade se mantivesse pequena”, lembra o sociólogo Márcio Oliveira, professor da Universidade Federal do Paraná e autor da tese de doutorado “Estudo sobre o imaginário brasileiro: a cidade de Brasília e o mito da nação”.
O geógrafo Aldo Paviani, também professor da UnB, faz um diagnóstico semelhante e aponta a necessidade de aumentar, por exemplo, os ramais do metrô para a Esplanada dos Ministérios, a Asa Norte e o Setor de Indústria e Abastecimento (SIA). Mas além das ligações, é preciso descentralizar as atividades econômicas do DF, assinala.
As regiões administrativas precisam ficar “mais auto-suficientes, Brasília tem que ficar menos centrada”, concorda Regina Meyer, ex-estudante da UnB e hoje professora do Departamento de História da Arquitetura da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (USP).

Fonte: Agência Brasil



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